segunda-feira, 22 de novembro de 2010

SUPERANDO "DELTAS"

Ali, parado no meio da multidão, meu coração acelera; a adrenalina vai tomando conta do meu corpo; uma mistura de excitação e apreensão crescente toma contam do ambiente; não consigo ouvir, falar, sentir a não ser as batidas de meu próprio coração; sei que estou ali porque meus olhos vêem, mas não consigo distinguir formas...

De repente, um comando, um som, um estímulo e por instinto, meu corpo começa a se mexer junto com a multidão que me cerca; as formas que segundos antes não conseguia ver começam a ficar claras e as vou deixando para trás enquanto outras passam à minha frente...

Minha mente está vazia e comanda os movimentos de meu corpo; nesse momento ouço apenas a minha respiração acelerada, o vento tocando meu rosto enquanto meu coração impulsiona o sangue cada vez mais rápido através das artérias; meu corpo não para, a cada segundo pede mais ar, mais sangue...

Meus pés parecem não tocar o solo, ao mesmo tempo em que sinto o impacto do asfalto nos músculos, tendões e ossos; tento amenizar a dor com água, mas o esforço é em vão...

O tempo passa, e a cada segundo sinto a energia de minhas células escorrerem pela minha pele; o corpo já não responde muito bem o comando da minha mente; as pernas pesam uma tonelada cada; com o esforço, os músculos doem; o coração tenta em um último esforço bombear mais rápido o sangue, os pulmões já não conseguem puxar tanto ar, falta oxigênio, mas a mente, mesmo com todas as dificuldades, não desiste...

A cada metro percorrido, sinto-me mais perto do meu objetivo e ao mesmo tempo mais longe do conforto...

De repente avisto uma estrutura em forma de portal e um corredor humano; o vento que antes era uma brisa fica mais forte, não consigo respirar, a dor aumenta, já não sinto mais meus pés tocarem o solo; pareço estar “voando”; as pessoas gritam, batem palmas, vozes e rostos familiares surgem sorrindo e gritando em meio aos que não conheço; retribuo com um sorriso...

Chego ao portal e sinto um piso diferente, macio, e nesse instante volto a enxergar, a ouvir e a sentir; ainda é difícil respirar, mas as pernas não doem mais; a adrenalina e a tensão já não estão mais em meu corpo, agora sinto prazer e satisfação; o sorriso vem fácil, o sentimento de dever cumprido toma conta de meu espírito...

O corpo relaxa apesar de “machucado”, o coração recupera aos poucos seu ritmo normal e a vida, apesar de não ser mais a mesma de antes, retoma o seu fluxo natural...

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